"Podemos nos sentir mal perto de alguém por razões óbvias, que vão desde um conflito de ideias e choque de valores a, até mesmo, a sensação de estarmos diante de um espelho, diante daquilo que nós mesmos somos ou tememos ser.
Uma pessoa que pensa diferente pode agredir verdades pessoais pré-estabelecidas e, assim, causar uma ansiedade reativa através de comportamentos intolerantes.
Uma pessoa que é diferente da maioria pode causar em nós, medo pelo desconhecido representado por padrões culturais, como cor de pele, religião, orientação sexual ou até política. A rejeição a alguém costuma ser reflexo da inabilidade para lidar com o novo: agride-se o desconhecido.
Nos dois casos mencionados acima, a pessoa emocionalmente inábil tende a rechaçar, descartar e evitar o que teme ou aquilo que agride seus frágeis conceitos anteriores.
A atenção às suas próprias reações torna-se vital, pois é ela que permitirá que a consciência detecte os motivos das reações positivas (simpatia imediata, por exemplo) ou, como aborda o título, o mal estar e o desconforto na presença do outro.
Se conseguirmos identificar quando a nossa estranheza é legítima (e não um mero mecanismo de defesa para nos proteger de nossas próprias dificuldades), teremos a capacidade de agir de maneira sábia e evolutiva, nos afastando de situações que nos causem real perigo ou nos aproximando do que pode ser benéfico (muitos chamariam isso de intuição).
Logo, a intuição nada mais é do que aprender a ouvir nossa mente e corpo de maneira limpa e filtrando os mecanismos reativos que, embora nos protejam de algumas de nossas dificuldades, nos privam da verdade das relações e situações.
Reflexões pessoais sem juízo moral, como as que acontecem nos processos psicoterápicos, ajudam as pessoas a perceber, aceitar e lidar com as diversas esferas de si, desde as mais óbvias e evidentes, até as mais sutis.
O autoconhecimento, de maneira geral, permite que saibamos escolher cada vez mais com maior propriedade, quando devemos nos afastar de alguém porque esse alguém realmente nos faz mal ou quando a a sensação de incômodo deve ser vista como oportunidade de mudança e reflexão pessoal.
Josie Conti
Termino com uma frase que vi em uma tirinha sem autoria:"
“Minha mãe sempre disse que não devo andar com pessoas ruins, mas, e se a pessoa ruim for eu?”